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Aroma no copo! (Parte #2)

Foto do escritor: Léo BocCiLéo BocCi

Por que não sentimos os aromas propostos nos rótulos?


Na publicação passada (veja aqui), falamos sobre bebidas que possuem aromas diferenciados.

Sejam eles (os aromas) de frutas, ou até mesmo de carne defumada, nem sempre esses elementos estão literalmente inseridos no produto, o que geralmente gera confusão quando se referem à essas cervejas.


Uns dos exemplos citados, onde realmente ocorre a adição de ingredientes a mais, foram as brejas da cervejaria Colorado, que, em seus rótulos mais conhecidos, temos a “Índica” (com rapadura); “Cauim” (com mandioca), “Appia” (mel) e “Demoiselle” (café). 



O gosto Amargo da Decepção


Apesar da animação graças aos componentes inusitados da cerveja, é comum ouvir relatos de decepção após experimenta-las (no tocante ao sentir os ingredientes adicionais).


Por exemplo, quem fica na expectativa de sentir um dulçor exuberado da rapadura, pode se chocar com o amargor típico das IPA’s - estilo no qual a Índica faz parte. Assim como quem espera encontrar alguma diferença da Cauim para qualquer outra pilsen, devido à mandioca inserida na receita, também pode se decepcionar.

Dessas citadas, talvez somente a Appia possua um leve toque mais adocicado e aromático, se comparada as outras cervejas de trigo. E a Demoiselle, por pertencer ao estilo “Porter”, naturalmente já teria sabor e aroma que remetem ao café, mesmo sem a sua adição. Por isso, para quem conhece esse tipo, não há surpresas nessa cerveja, apesar de ser muito boa.


Muitas pessoas – onde também me incluo – tem certa dificuldade em perceber a presença desses toques aromáticos nas bebidas. Mas por que nós, reles mortais, não conseguimos sentir o que os mestres cervejeiros e sommeliers nos propõe?

Talvez eu tenha uma resposta para essa questão.


O gosto do Cheiro



Certa vez, comprei um vinho: Casillero del Diablo - Malbec Reserva 2016. Por se tratar de uma conceituada vinícola (Concha y Toro – Chile), antes de abri-lo pesquisei sobre o mesmo e o que deveria esperar dele.


Em mais de uma fonte li que iria encontrar algumas fragrâncias, sobretudo, em especial, de ameixas negras. 

Servi-me uma taça, e antes de tomá-la, observei sua cor; dei aquela famosa giradinha; senti sua essência e... nada! Nada do que poderia caracterizar como “aroma de ameixas negras”, ou algo parecido.


Fiquei decepcionado por, mesmo naquele vinho tão conceituado, não consegui reconhecer o cheiro da tal fruta.

Foi aí que me toquei que; primeiro: eu não me lembro da última vez que peguei uma ameixa para sentir seu perfume. E segundo: eu nem gosto dessa fruta!


Logo percebi o obvio: como poderia querer encontrar a qualquer nuance de ameixas negras em uma bebida, sendo que nem sei como é sua fragrância?

A partir disso, entrei em uma nova jornada na minha vida: cheirar e comer frutas.


Para a maioria das pessoas é uma tarefa simples, mas para mim, que até os 29 anos de idade renegou essa prática, consumir frutas é algo árduo.

Gosto de ver o lado curioso desta história: não foram as décadas de insistência e sermões da minha mãe que me levaram a consumir esses alimentos saudáveis, e sim algo tido por muitos como prejudicial: bebidas alcoólicas.


Pesquisei e passei a comer, não sem antes cheirar, os frutos cujos os aromas são mais comuns nas cervejas, cachaças e vinhos.

Para sentir sua presença sutil, é necessário estar bem familiarizado com as características que os rótulos irão nos propor. 

  A gama de sabores e aromas que uma bebida pode apresentar é enorme. 


Assisti a um documentário sobre sommeliers de vinho (“SOMM” – Netflix), e as notas aromáticas sentidas por eles iam de flores; frutas frescas ou secas, e até descrições bizarras como “xixi de gato” e “armário da vovó” ... Estranho, mas quem somos nós para contestarmos afirmações de concorrentes ao título mundial de Master Sommelier, né?!


Exemplo de "Roda de Aromas".

Portanto, se em uma bebida não sentirmos o aroma de castanhas, frutas, ou até mesmo do “xixi de gato” (credo! Esse melhor não!), não devemos dispensar xingamentos às garrafas. Até mesmo porque, qual foi a última vez que você parou para apreciar aquela determinada essência?

Comece a treinar o seu olfato. Procure sentir a fragrância das coisas ao seu redor. Afinal, esse sentido age como parceiro direto do paladar na hora de degustar alimentos.




Olfato Certificado


Ter o olfato afinado e familiarizado com diversos aromas é essencial. Seja para perceber as nuances que uma bebida possa oferecer, além de ser fundamental para melhor degustá-las, essa habilidade serve até mesmo para avaliar se há algo errado com o produto que está prestes a consumir.


É por isso que escolas como a Wissenbier Institut, que oferece aulas em Sorocaba e região, tem como uma das suas especialidades o curso de Analise Sensorial e Off Flavours, que visa capacitar o aluno a identificar as características presentes nas cervejas.


E para quem está começando, o curso de Introdução ao Mundo das Cervejas Artesanais é uma ótima opção. Com aula teórica e prática, traz ao interessado o conhecimento para o consumo com qualidade da cerveja. 

Há outros cursos que atendem diversos temas do mundo cervejeiro. Qualquer que seja seu nível de conhecimento e atuação neste ramo, informe-se sobre as aulas disponíveis através das redes sociais do Wissenbier Institut, ou pelo site www.wissenbierinstitut.com.

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