As Águas de Agudos
A mística! A lendária! A famosa “água de Agudos”!
Quem nunca ouviu falar da cerveja feita com a água da cidade de Agudos - SP? - Se você não sabe do que estou falando, de duas, uma: ou não manja nada das lendas do mundo dos Bares e Botecos, ou, aqueles que sabem estão ficando velhos!
De qualquer forma, vamos falar a respeito das míticas cervejas que contem em seus rótulos um sinal, quase sagrado, com as letras “AG”, junto das demais identificações do lote a qual pertence.
Como podemos imaginar, essas duas letras referem-se ao município paulista de Agudos.
Sobre a cidade de Agudos
Localizada no centro-oeste do Estado de São Paulo, a 330 quilômetros da capital, e com área de 967,591 km² e cerca de 38 mil habitantes, Agudos tem sua economia baseada na agricultura e pecuária, tendo também algumas industrias de destaque mundial como a Duratex e a Ambev.
Rio Lençóis, Rio Turvo e Rio Batalha fazem parte de sua hidrografia.
Sobre o mito
Quem é das antigas provavelmente já deve ter topado com alguém que se recusa a tomar uma cerveja que não tenha a marca divina do referido município. Ou então, já soube de alguma pessoa que só vai em um determinado estabelecimento, devido ao fato que este tem estoque garantido só com cervejas provenientes das águas abençoadas de Agudos.
Os estudiosos de botecos alegam que, por causa da qualidade superior da água dessa cidade, a cerveja possui o sabor mais agradável. Mas será que isso é verdade?
Os crentes nessa história usam como argumento que a água é cerca de 90% do conteúdo da cerveja – o que de fato é verdade – e que por isso, a qualidade desse item básico faz toda a diferença no produto final.
Quase como a aparição de um OVNI, ou como uma religião, quem viu as latas vindas do planeta Agudos quer te fazer acreditar nelas, e quem foi batizado em suas águas quer te levar pelo mesmo caminho: rumo àquele boteco, lá onde Judas encontrou a bota perdida, só porque nele tem as cervejas vindas de Agudos (muitas vezes mais caras por esse motivo).
Ainda comparando como uma religião, esse que vos fala se considera um “agnóstico” no tocante a esse assunto: não acredito, mas tenho minhas dúvidas.
Por muito tempo acreditei que a tal história poderia ter suas verdades, até que li em um livro sobre cervejas o autor desmentindo o boato alegando que, nos tempos atuais, a tecnologia, as normas sanitárias e o desejo obvio das grandes empresas em manter seus produtos com os mesmos critérios, onde quer que sejam fabricados, fazem com que a água usada para as cervejas, seja ela com mais ou menos minerais e cloro, passe por processos que a deixe padronizada.
A partir daí passei a descrer na lenda, até que um dia aconteceu! Tive um contato de terceiro grau com esse fenômeno.
Fui a um churrasco, e logo que cheguei me serviram uma cerveja. Calor intenso e tal, nem passou pela minha cabeça ver de onde aquela lata geladinha era – tomei aquele golão para matar a sede. Foi aí que senti a ausência de um gosto desagradável que vinha percebendo nas cervejas da mesma fabricante que aquela. Instintivamente, ergui a lata aos céus e tive a visão do mítico sinal “AG”. - Quase que instantaneamente, o anfitrião da festa veio com o peito estufado de orgulho, e anunciando em alto e bom som: “ESSA É DE AGUDOS!”. E então minhas dúvidas voltaram.
Pensei: se, por a água de determinado local conter menos fatores a serem alterados, menos processos e produtos químicos esta teria que ser submetida, e que isso então diferenciaria o seu sabor, levando essa sensação ao produto final.
Como um bom cético, mesmo o fato acontecendo comigo, eu ainda não acredito totalmente na lenda. O gosto mais agradável que senti pode ter sido por conta de como a cerveja foi guardada e refrigerada; a sede que eu estava; o fato de eu estar com o paladar limpo... sei lá, quaisquer coisas dessas!
Só acreditaria que a breja de Agudos é melhor se um dia provar, em um teste cego, sem nenhuma interferência que pudesse me sugestionar; com a garantia que as cervejas das demais cidades passassem pelas mesmas condições de trasporte ate a chegada em um refrigerador comum a todas - sem trepidações e calor excessivos, e ainda, com datas de produção iguais - ou seja, quase impossível de um dia eu conseguir acreditar 100%.
Diversas literaturas cervejeiras são categóricas quando tratam disso: a história da água de Agudos melhorar as cervejas é mentira!
A verdade do mito
Pode-se encontrar várias matérias a respeito, e o que se conclui após estudar um pouco mais da história real por trás da lenda é que, em algum momento, esse mito poderia sim ser tido como verdadeiro.
Com técnicas decadentes, e normas menos rígidas em comparação às atuais, a qualidade da água, e com isso, o sabor das cervejas, eram sim diferenciados conforme os locais de onde elas vinham (outras "águas" ficaram famosas pelo mundo: de Munique (Alemanha), Dublin (Irlanda), Londres e Burton-on-Trent (Inglaterra) Petrópolis (RJ)).
Pesquisando a fundo, encontra-se mais sobre a história da cerveja vinda de Agudos.
O que ocorreu é que uma empresa austríaca de cerveja, no início dos anos 50, após muita pesquisa de campo, encontrou em Agudos o local ideal, possuindo, entre outras exigências, a água com qualidades semelhantes às águas da Áustria, país famoso por produzir premiadas cervejas.
Resumindo: em 1954, a Brahma comprou a Companhia Paulista de Cervejas Vienenses, e em 1961, a Brahma inaugura sua nova filial em Agudos - SP, com a incorporação da antiga.
Enfim, nesse tema, poderíamos dizer que a ciência diz que, atualmente, é impossível termos diferenciações entre cervejas vindas da cidade "A” e a cidade “B”, já os fiéis, garantem que sentiram a presença desse evento quase que paranormal, rsrs (risos, com respeito).
E você, já teve contato com as águas puras de Agudos? Já fez alguma filmagem, daquelas de péssima qualidade, flagrando uma lata com as insígnias “AG” sobrevoando as mesas dos botecos por aí? - Conte-nos sua experiência!
algumas fontes para quem quiser pesquisar mais a fundo da história:
www.jcnet.com.br
manualdohomemmoderno.com.br/
HOJE TALVEZ NÃO EXISTA MAIS ESSE DIFERENCIAL, POR CONTA DAS NOVAS TECNOLOGIAS QUE FORAM IMPLANTADAS NA FABRICAÇÃO DA CERVEJA, E TAMBÉM POR CONTA DO RIO (pequeno) PILINTRA QUE ABASTECIA A FÁBRICA, QUE SECOU.
FIZ, NO PASSADO VÁRIOS TESTES CEGOS COM OUTRAS MARCAS, EM BOTECOS DA VIDA, E NUNCA ERREI, ELA SEMPRE FOI MAIS SUAVE QUE AS DEMAIS. MAS TAMBÉM TEM UM OUTRO PONTO A SE DESTACAR, QUE ERA O COMPROMETIMENTO E A DEDICAÇÃO DOS FUNCIONÁRIOS DA FÁBRICA, 90% DA CIDADE, QUE TAMBÉM FAZIAM A DIFERENÇA NA QUALIDADE DA CERVEJA.
HOJE JA NÃO CONSIGO MAIS, SER ASSERTIVO EM UM NOVO TESTE.....RSRSSSS
ABRAÇOS
JOÃO CARLOS TRAVAIN